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Coração: que órgão é esse?

*Dr. Jeffer de Morais, diretor de Cardiologia Clínica do Grupo Sirius 

“O coração tem razões que a própria razão desconhece”. “Eu sei essa música de cor”. “Só se vê o bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Poderíamos citar inúmeras frases, reflexões e poemas envolvendo o coração, órgão que muitos relacionam diretamente ao amor e às emoções. Mas o coração vai muito além da emoção; ele é fundamental para a nossa sobrevivência.  

45 segundos. Esse é o tempo que o sangue demora para percorrer todo o organismo, fruto da batida do coração. Sem o sangue circulando não conseguimos manter a oxigenação celular, não mantemos a temperatura do corpo e, portanto, não nos mantemos vivos. Ainda que seja composto por tecido muscular, o correto é dizer que o coração é um órgão e não apenas músculo. Ele está localizado no centro da cavidade torácica, levemente inclinado para a esquerda, em uma região denominada mediastino. Sim, você leu corretamente: o coração fica no centro do peito, contrariando a famosa música que diz que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. A forma anatomicamente correta seria “amigo é coisa pra se guardar no mediastino do peito”, mas talvez a licença poética permite esse “erro”. 

Dividimos o coração em quatro partes: dois átrios e dois ventrículos, sempre usando a denominação direita e esquerda para melhor compreensão. Na metade direita deste órgão circula apenas sangue venoso (rico em dióxido de carbono e pobre em oxigênio) e na parte esquerda circula apenas sangue arterial (rico em oxigênio a ser transportado ao resto do corpo). A distribuição e passagem correta desses dois tipos de sangue é coordenada por meio de válvulas que abrem e fecham em um meticuloso “ballet” que permite que os sangues não se misturem e nem sejam distribuídos erroneamente.  

E ainda que seja um órgão aparentemente simples, é complexo em suas funções e vital para a nossa sobrevivência. E ainda assim, tão negligenciado: a cada 90 segundos morre no Brasil uma pessoa decorrente de problemas cardíacos. Muitos deles, evitáveis. Esse é um dado que temos o poder de mudar e para isso basta mais cuidado. Cuidado com a alimentação, com o estresse, com a qualidade do sono. Cuidado com a atividade física (sempre tão deixada de lado).  

Autocuidado e alto cuidado. O coração agradece e pulsa. Por você e pra você. Cuide bem dele. 

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Cuidar do seu coração é mais fácil do que você pensa, acredite

*Por Dr. Jeffer de Morais, diretor de Cardiologia Clínica do Grupo Sirius 

Quando falamos em saúde cardíaca é muito comum relacionar a assuntos complexos, que envolvam diagnósticos difíceis, procedimentos delicados e risco de morte. Como profissional da saúde afirmo: é completamente o contrário.  

Cuidar da saúde do coração é, claro, realizar anualmente exames preventivos — cardiológicos e gerais, mas vai muito além. Arrisco a dizer que exames preventivos te ajudam a chegar ao diagnóstico para que o tratamento tenha mais chances de sucesso, mas não impedem que você desenvolva qualquer tipo de diagnóstico. O que é, então, de fato funcional quando se fala em cuidado com a saúde? Tudo aquilo que você pratica — ou deixa de praticar — no seu dia a dia. Estudos que são conduzidos em diversas universidades renomadas ao redor do mundo já comprovaram o que muitos médicos já observavam na prática: o estilo de vida impacta diretamente na saúde física e mental de cada paciente.  

Estilo de vida vai muito além dos seus padrões financeiros e hábitos de consumo, como muitos pensam. O termo “lifestyle” passou a ser usado erroneamente na definição de poder aquisitivo quando, na verdade, deveria se relacionar apenas aos seus hábitos. Na Medicina, o termo já vem sendo aplicado como Medicina do Estilo de Vida e baseia-se em seis diferentes pilares, coincidentemente (ou não), os mesmos que atuam diretamente na saúde do coração: 

– Alimentação: “desembale menos, descasque mais” é o lema a ser seguido por aqueles que desejam uma alimentação saudável de fato. Inserir o máximo de alimentos in natura e deixar de lado os ultraprocessados ou industrializados auxilia na manutenção do músculo cardíaco e suas funções; 

– Higiene do Sono: experimente deixar uma máquina funcionando sem parar, sem descanso. Certamente, sua vida útil será menor do que aquela que é desligada ao fim do dia. O mesmo vale para o nosso organismo; o sono é o momento em que o corpo se recupera da correria do dia, descansa a mente e se carrega para a jornada no dia seguinte. Uma higiene do sono sem qualidade faz com que os sistemas não consigam o repouso que precisam e isso pode afetar o coração; 

– Manejo do estresse: o estresse é inerente à vida moderna, mas pode ser controlado. Em excesso, afeta a pressão arterial e os batimentos cardíacos, por isso é preciso cuidado. Evite se colocar em situações de estresse extremo e quando elas acontecerem, respire fundo e controle-se; 

– Controle de tóxicos: tabaco e álcool são inimigos da vida saudável, especialmente quando consumidos sem moderação. Um cálice de vinho realmente não faz mal a ninguém, mas o mesmo não pode se dizer sobre uma garrafa inteira. Parcimônia no consumo de álcool. O cigarro? Você pode viver sem ele; 

– Prática de atividade física: experimente tentar ligar um carro que ficou por muitos meses parado. Certamente você não conseguirá ou precisará de inúmeras tentativas. A bateria pode, por exemplo, arriar. O mesmo acontece com o nosso corpo. Precisamos de movimento, de atividade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos de atividade física semanal. Divida pelos sete dias da semana e temos pouco mais de 21 minutos de atividade por dia. Vinte minutos a menos na televisão podem impedir que você sofra um infarto no futuro; 

– Relacionamentos interpessoais: “é impossível ser feliz sozinho”, diz a música. Realmente. Solidão já é comprovadamente tão nociva à saúde quanto fumar 15 cigarros em um único dia, revelou um estudo conduzido pela Harvard Medical School. Precisamos, portanto, dar atenção aos nossos relacionamentos e criar laços verdadeiros. Saber que temos com quem contar é,sim, saudável para o nosso coração. 

Não é difícil, portanto, cuidar do coração. É preciso fazer da manutenção da saúde um hábito. Tão comum e essencial quanto escovar os dentes três vezes ao dia. 

CardioSirius-03-10 celebridades que morreram do coração 600X400

De partir o coração: conheça 10 celebridades que morreram por problemas cardíacos 

*Por Dr. Jeffer de Morais, Diretor de Cardiologia Clínica do Grupo Sirius 

Algumas doenças que acometem o coração podem ser silenciosas ou apresentar sintomas tão sutis que passam despercebidas. Junte a isso o fato de que a vida corrida muitas vezes faz com que a saúde seja negligenciada e exames preventivos fiquem sempre para depois. A verdade – nua e crua – é que muitas vezes “depois” pode ser tarde demais.  

No mundo inteiro são milhares de pessoas que morrem todos os anos por causas oriundas de doenças do coração. E nessa triste estatística estão alguns dos maiores ídolos de diferentes gerações. Apresento a vocês 10 celebridades que morreram por problemas cardíacos – e que talvez você nem saiba: 

1- Carmen Miranda (1955): 

Nascida em Portugal, mas naturalizada brasileira, Carmen Miranda foi uma das personalidades a divulgar o Brasil mundialmente, tornando-se a primeira sul-americana a ganhar uma estrela na calçada da fama. 

Aos 46 anos, no entanto, um infarto fulminante tirou a vida da estrela. 

2- Mussum (1994): 

Quem cresceu nas décadas de 80 e 90 certamente dedicou parte de seu tempo emmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm assistir Os Trapalhões, humorístico idealizado por Renato Aragão, o famoso Didi. Um dos membros do time era Mussum, um dos personagens mais queridos do quarteto. O ator Antonio Carlos Bernardes Gomes, que deu vida a Mussum, foi vítima de complicações decorrentes de um transplante do coração e faleceu aos 53 anos. 

3- Jogador de futebol, Serginho (2004): 

Paulo Sérgio Oliveira da Silva, mais conhecido como Serginho, atuava como zagueiro no São Caetano quando aos 14 minutos do segundo tempo de uma partida contra o São Paulo, teve um mal súbito decorrente de uma cardiomiopatia hipertrófica. 

4- Bussunda (2006): 

Um dos humoristas mais famosos do Brasil, criador de diversos personagens, foi vítima de um ataque cardíaco aos 43 anos durante a abertura da Copa do Mundo da Alemanha.  

5- Nair Bello (2007): 

Aos 75 anos, uma das veteranas da comédia brasileira perdia a batalha depois de cinco meses internada em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Vale lembrar que a atriz era fumante de longa data, o que certamente ajudou a agravar seu quadro. 

6- Luiz Lombardi (2009): 

Uma das vozes misteriosas mais amadas do Brasil, Lombardi era o locutor oficial e fiel escudeiro de Silvio Santos. Sem nenhuma comorbidade anterior, Lombardi sofreu um infarto fulminante enquanto dormia, deixando uma legião de fãs de sua voz órfãos do bordão “Oi, Silvio”. 

7-  José Wilker (2014): 

Muito lembrado por Giovanni Imbrotta, seu papel em Senhora do Destino, José Wilker foi um ator celebrado e querido não só por seus colegas, mas pelo grande público. Faleceu enquanto dormia, vítima de um infarto fulminante nos primeiros dias de abril de 2014. 

8- Luciano do Valle (2014): 

No dia 19 de abril de 2014 o Brasil se despedia de um dos locutores esportivos mais conhecidos: Luciano do Valle. O narrador passou mal durante um vôo, a caminho de Uberlândia e foi levado a um hospital, mas não resistiu. A causa da morte foi infarto. 

9- Paulo Henrique Amorim (2019): 

Uma das figuras mais emblemáticas do jornalismo brasileiro (e uma voz inesquecível), Paulo Henrique Amorim faleceu aos 76 anos em sua casa, depois de voltar de um jantar com amigos. O jornalista sofreu um infarto fulminante. 

10- Diego Maradona (2020): 

Um dos maiores jogadores de futebol do mundo, Diego Maradona viveu uma vida de excessos longe dos campos. O uso abusivo de substâncias tóxicas levou o jogador a complicações cardíacas enquanto se recuperava de uma cirurgia cerebral emergencial. Faleceu aos 60 anos.